Não consigo deixar de me inquietar (palavra demasiado pesada, talvez) com as notícias dos últimos dias sobre o PS e as eleições legislativas. Deixo desde já claro que não sou simpatizante do socialismo enquanto solução para o nosso país e, portanto, este texto poderá ser considerado um “ataque”. Mas – em verdade vos digo – a crítica que se segue poderia ser escrita independentemente do partido que estivesse na origem desta situação.
Eu sempre defendi que, sendo os deputados os representantes dos cidadãos, nas eleições legislativas os eleitores deveriam votar nos candidatos a deputados que identificam como sendo os seus melhores representantes, pelas ideias que defendem, pelo caráter que possuem, pelas ações que procuram servir o maior interesse público – e não apenas em siglas e cores partidárias.
As notícias relativas às listas do PS (por exemplo e por exemplo) confirmam que o nosso sistema segue o oposto deste meu pensamento. Os “manda-chuvas” dos partidos são os decisores finais sobre quem vai representar os cidadãos na Assembleia da República. Não importa que determinado círculo eleitoral considere que fulano será a melhor escolha, porque quem pode, manda e os líderes – ou órgãos máximos – partidários podem escolher sicrano. Porquê? Simplesmente, porque sim! Ou porque os acham muito novos, ou porque são mulheres, ou porque apoiaram um adversário interno, ou porque sicrano é mais amigo.
É por estas e por outras que não consigo deixar de acreditar que vivemos numa falsa democracia e que os partidos – tal como existem – são o cancro da Política; e que, em vez de se pensar que nas eleições legislativas se escolhe um Governo, se devia pensar que os eleitores de cada circulo eleitoral escolhem os deputados que os representarão.